David Duchovny: Anton, Erykah e como eu sou sortudo

Monday, March 28, 2005

Anton, Erykah e como eu sou sortudo

Eu queria falar sobre a minha sorte em ter alguns atores em House of D - atores que vocês talvez não tenham visto antes. Claro que vocês conhecem Robin e a minha esposa, Téa, mas quando vocês assistirem ao filme vocês vão ficar maravilhados com Anton Yelchin e Erykah Badu --- artistas com os quais vocês talvez não estejam tão familiarizados. Em primeiro lugar, Anton é um ator em estado puro, ele foi feito para atuar, nasceu para atuar --- ele é um jovem tão sensível, que quando nós estávamos trabalhando juntos eu frequentemente tinha a sensação de que ele era um tipo de instrumento exótico nunca antes descoberto, que produzia sons lindos se você deixasse. Não era só isso, mas ele tinha catorze anos de idade (quando nós filmamos), e eu posso dizer honestamente que eu aprendi mais sobre compromisso e integridade com ele do que com qualquer pessoa na minha vida antes. Ele se importava tanto com o filme, com o processo, sobre ser cooperativo e colaborar. A mãe dele me contou que ele relia o roteiro todas as noites antes de ir dormir. Eu tive sorte. Anton não atua, ele simplesmente é. Eu me lembro que enquanto escolhia o elenco, eu procurava desesperadamente por um garoto e estava tendo muito trabalho em encontrá-lo, e eu sabia que o filme iria se erguer ou cair nos ombros do garoto, e então o Anton apareceu e no meio do teste dele, eu comecei a chorar, não porque era uma cena triste, mas porque eu soube que ele era a pessoa que podia dar vida a todo aquele mundo. Eu controlei as lágrimas --- não queria que ele e a mãe dele se apavorassem achando que o diretor talvez fosse um pouco instável (e, é claro, o que vocês acham que o teste era? sim, sim --- a cena da aula de francês, e era engraçada, e lá estava eu soluçando), então eu fui atrás do Anton e da mãe dele no corredor, acho que eu estava com medo de que se eu o deixasse sair das minhas vistas eu o perderia, e eu disse, "É seu. O que é que eu tenho que dizer a vocês dois agora mesmo pra que vocês me digam que ele vai fazer o filme antes que vocês saiam por aquela porta?" Imaginem o que é forçar a barra, aquilo não chegou nem perto. E a cada dia das filmagens eu estava grato por Anton Yelchin estar no meu filme. Agora, Erykah Badu --- vocês talvez a conheçam como uma cantora incrivelmente original, mas eu recebi uma ligação e me disseram que o agente dela tinha adorado o roteiro, e ela também, e me perguntaram se eu me encontraria com ela. Nós conversamos em um estúdio de gravação onde ela estava trabalhando e ela entendeu o humor da personagem "Lady". Para mim, isso é tão importante, porque muitas vezes a chave que eu uso para destrancar um personagem quando eu atuo é o senso de humor dele --- me diz tanto sobre as pessoas, o que elas acham que é engraçado ou não, como elas são engraçadas --- isso define a mágoa e a tristeza delas também. Então a Erykah aparece no set e ela tem essa força, esse poder natural, e ela é pequenina, também, e esse espírito grande e engraçado e essa personalidade totalmente única simplesmente se derramaram. As pessoas ficam maravilhadas com ela no filme porque ela não é como nenhuma outra pessoa, ela não está imitando ninguém, ela está simplesmente fazendo as coisas do jeito dela. Novamente, eu tive sorte. E eu até consegui que ela cantasse. Ela canta uma versão "achipelo" (essa com certeza não é a forma correta de escrever isso)* de "Melissa" para o Tommy quando ela o ensina a dançar em uma noite quente de primavera --- ela --- a algumas centenas de pés acima dele, em uma cela de prisão, e ele --- no chão dançando com um poste de sinalização de estacionamento na rua. Talvez essa seja a minha cena favorita no filme. Eu também tenho o incrível Frank Langella, que eu acredito que esteja ganhando reconhecimento como o fantástico ator que ele é ao decorrer de uma longa e variada carreira. Meu amigo, o engraçadíssimo Orlando Jones, foi amável o suficiente para fazer uma aparição não-creditada para mim e causa uma impressão e tanto em um figurino bastante interessante. Willie Garson, de sex and the city, tem um papel pequeno. E há outros que vocês não conhecem e que são sensacionais --- Olga Sosnovska, Claire Lautier (na infame cena da aula de francês), o meu diretor de fotografia, o legendário Michael Chapman (de Touro Indomável, Taxi Driver, A Última Missão), como um porteiro, mas não um porteiro qualquer. E outros que eu não estou mencionando. Obrigado por espalharem as notícias. Obrigado por marcarem 15 de abril nos seus calendários. E nos calendários de outras pessoas. Obrigado. Estou indo pra Seattle agora, talvez eu tente gravar uma mensagem por telefone na estrada - deve ser divertido, já que eu acho essas mensagens confusas gravando do meu próprio escritório, imaginem que ridículo eu vou soar tentando fazer isso em um telefone celular. Deve causar algumas risadas. Fiquem bem. David.

* Nota da Tradutora: obviamente, David queria dizer "a cappella".