David Duchovny

Tuesday, May 24, 2005

O Fim do Começo

Eu sinto muito, já faz algum tempo, é difícil "mudar de canal", de fazer este filme, The Secret, para House of D. Eu só queria agradecer a todos pelo apoio e pelo carinho que todos vocês têm dado a House of D. Eu não posso dizer que não estou decepcionado que o filme não tenha alcançado um público maior, mas é assim que as coisas acontecem. É um negócio complicado, e nós sempre soubemos que com um filme como este seria uma batalha difícil.

Eu estou certo de que House of D vai encontrar um público grande e acolhedor em DVD e na TV. Alguns filmes levam um tempo para encontrar seu caminho e este é um deles. Eu tenho certeza disso. Eu provavelmente não vou estar escrevendo muito mais neste blog num futuro próximo, mas eu estou inspirado a continuar com o blog, talvez criar um fórum que não dependa de um projeto específico, que seja mais permanente. Estou trabalhando nisso.

Tem sido uma experiência incrível ouvir todos vocês aí fora e encontrar alguns de vocês. Isto não é o fim, só o fim do começo. Tudo de bom, David.

Friday, May 06, 2005

Estréia ao Norte da Fronteira

Estive longe de vocês por algum tempo. Muito ocupado com este filme.

Cada projeto exige total atenção. Isto é bom, mas muito ruim de um certo modo. De qualquer forma, só queria aparecer por aqui e dizer a quem quer que esteja na vizinhança que eu vou fazer uma sessão de perguntas e respostas aqui em Montreal para a estréia de House of D amanhã, sábado, 7 de maio, depois das sessões das 4 e das 7. Confiram as listas locais para o cinema e horário exatos. Estou para fazer alguns programas de rádio em Montreal agora. Até mesmo me encontrei com alguns amigos do blog por aqui, então eu sei que alguém vai se interessar. Eu estou interessado em saber como alguns falantes de francês vão reagir ao meu sotaque francês. Au revoir*, d

* Até logo, em francês

Tuesday, April 26, 2005

O Canada*

Estou em Montreal, ou bem pertinho de Montreal, na verdade. Comecei a filmar "The Secret" ontem. Até agora, tudo bem.

House of D vai abrir em 300 cinemas esta sexta, e eu tenho que agradecer a vocês por isso. Para aqueles que não estão em Nova York ou Los Angeles e que não tiveram a chance de ver o filme, eu estou certo de que vocês podem visitar o website ou contactar a Lions Gate para descobrir em que cinema o filme vai estar passando perto de vocês. Cliquem no botão "mercados expandindo" à direita.

Novamente, muito deste trabalho vai estar nas mãos de vocês, não vai haver muito dinheiro investido em publicidade, então, se vocês não estiverem interessados, vocês podem não ficar sabendo que o filme está aí fora. O mercado é tão lotado, tão complicado e tão caro. Eu tenho que dizer que estou realmente animado com as reações extremas que o filme tem provocado tanto nos críticos quanto no público. Amor e ódio. Qualquer coisa é melhor que uma reação morna. Ok --- eu percebi que estou no caminho certo e vou prosseguir. Mal posso esperar pra começar o próximo filme. Talvez no outono, talvez depois. Preciso atuar um pouco mais antes que eu fique muito velho e ninguém se interesse. Continuem acreditando. Continuem espalhando as notícias.

Não desistam. Estamos expandindo. Sejam agressivos. Invadam os websites das pessoas --- eu não sei do que eu estou falando. Mas tentem alcançar além de um pequeno círculo, nós sabemos o que amamos, e tentem interessar os outros que podem não saber ou não estarem inclinados. Ainda podemos pegar fogo. Nos falamos em breve. dd

*Nota: "O Canada" é o primeiro verso do hino canadense.

Monday, April 25, 2005

Obrigado por gritarem

Olá. É o segundo fim de semana, e eu espero que o filme esteja encontrando o seu público. Eu tenho tantas lembranças de fazer este filme. De coisas que mudaram tanto na minha cabeça, de flashes inesperados. Os acidentes são as melhores coisas em um filme, talvez na vida. Eu estava fazendo uma entrevista de rádio com o Alice Cooper e ele disse que gosta de gravar com os músicos dele quando eles não estão sabendo, quando eles estão se aquecendo, porque estão soltos e livres. Eu sei como ator que é parecido, e como diretor eu tentei dar aos meus atores essa liberdade. Minha frase favorita no filme, quando Erykah/Lady diz a Tommy, "não comece com as mãos no quadril, faça o seu caminho até lá", foi algo que Erykah simplesmente inventou quando ela viu o jeito com que Anton tinha colocado as mãos no poste. Um ator fazendo algo inesperado, forçando uma resposta inesperada de outro ator, não é exatamente improvisação, mas é um acidente, um acidente preparado por uma quantidade insana de planejamento.

Aí está a dificuldade. É preciso muito planejamento pra ser capar de tirar vantagem dos acidentes.

Espero que vocês todos estejam tendo um bom fim de semana. Espero que bastante gente lote os cinemas pra ver House of D. E que aqueles que tenham visto e gostaram do que viram estejam espalhando as notícias com urgência. É um sentimento bom, de que a vida do filme está apenas começando. Eu tive um amigo/diretor que dizia "você não vai saber o lugar que este filme tem na sua vida ou na vida das outras pessoas por pelo menos três anos." Bom, um brinde à primeira semana, e contando. Obrigado por espalharem as notícias e manterem o filme vivo. Nós não temos o dinheiro para a publicidade para gritar em um mercado lotado. Vocês são o meu modo de gritar. Obrigado por gritarem.

Tuesday, April 19, 2005

Mensagem em Áudio #5: Só o Começo

Oi a todos. É o David, e eu estou de volta pra casa -- com um pouco de gripe, hum (tosse), as crianças estão doentes, a esposa está doente, hum, mas é o *lar*. Então, hum, eu estou ligando só pra agradecer a todos que vieram e fizeram do fim de semana um sucesso. E, hum, foi ótimo fazer as sessões de perguntas e respostas, e encontrar alguns de vocés aí fora, e, hum, eu aprecio todo o seu esforço e toda a sua boa vontade, e, hum, o que é que eu estou fazendo? Hum, vou tirar alguns dias de folga, e então finalmente vou partir para Montreal, no domingo. Começar a trabalhar, atuando, naquele filme. Mas eu vou continuar a checar, vou continuar, hum, "blogando", e nós vamos continuar a festa, hum, porque este é só o começo de House of D e, hum, desses tipos de blogs para mim. Ou, vocês sabem, *um* blog para mim. Hum, então, mesmo *depois* de House of D. Então, aí está, eu novamente aprecio todo o seu carinho, todo o seu respeito, pelo filme, por discuti-lo dessa forma, e, hum, eu aprecio o seu aplauso, sabem? Como eu disse, eu fiz o filme pra vocês, e vocês estão encontrando o filme. Então, mesmo com a gripe e soando estranho, eu não poderia estar mais feliz. Tudo bem. Se cuidem.

Mais trabalho a fazer

Hey, todo mundo -- de volta pra casa, finalmente. Só queria agradecer a todos por fazerem do filme um sucesso financeiro este fim de semana. Um fim de semana já foi, falta o outro. Esqueçam alguns críticos críticos. Não insistam neles. A propaganda boca-a-boca vai se espalhar e eu ainda preciso de vocês paa falar e falar e falar sobre House of D para combater a aparente alegria que algumas pessoas estão sentindo em me derrubar, ou a Robin Williams.

Se vocês foram ao cinema, sabem como o filme funciona bem. Eu ouvi de vocês alto e claro, e agradeço por toda a reação. Eu ouvi suas risadas e vi as lágrimas. Como eu disse em Nova York, é o filme de vocês agora. O próximo fim de semana é vai ou racha. Juntem as tropas. Vão de novo, vocês mesmos.

Forcem as pessoas (dentro do limite da lei) a ir ver House of D e elas vão agradecer a vocês. Eu gostaria de ler os comentários de vocês mas tem alguma coisa errada com o meu computador. Amanhã. Vamos dormir um pouco e então voltar ao trabalho. Obrigado a todos, David.

Saturday, April 16, 2005

Cabelos Brancos

Bom dia. Em primeiro lugar, para todos vocês que foram apoiar House of D no Loews Lincoln Square em Nova York, obrigado. Nós nos divertimos muito. O filme correu lindamente. Houve muitas risadas e até mesmo alguns soluços (e não f.d.p.s, mas falaremos mais sobre isso mais tarde)*... Toda aquela gama de emoção e envolvimento que eu queria para todos vocês. Então nós nos encontramos depois de algumas exibições, nas sessões de perguntas e respostas, e pudemos nos conhecer um pouco melhor. O público foi bom, mas é apenas o sábado do primeiro fim de semana e ainda há muito trabalho a fazer para que House of D sobreviva em um mercado saturado. Continuem trabalhando por mim, continuem dizendo às pessoas que não sabem sobre o filme que vão vê-lo. Façam com que as pessoas em Nova York e Los Angeles digam a outras se elas gostaram do filme, e que ele vale os dólares que elas trabalharam duro para ganhar. Em alguns lugares, em particular Nova York e Chicago, as respostas dos críticos não foram o que eu teria desejado em um mundo perfeito, mas eu meio que esperava algo assim, sendo o filme tão diretamente emocional como é, e a emoção não é necessariamente um atributo cinematográfico que um crítico valoriza. Tudo bem. Mas eu vou dizer a vocês que para cada resposta negativa dos críticos eu tive dez positivas, e cem respostas positivas do público, como quando você arranca um cabelo branco e vários mais nascem no lugar. E deixem-me dizer a vocês, cabelos brancos são algo sobre o que esse processo maluco me ensinou muito. De qualquer forma, o que eu quero dizer é: eu não fiz House of D para os críticos. Eu não fiz House of D para mim mesmo. Eu fiz o filme para vocês: um público. Está lá fora esperando por vocês. Vão encontrá-lo e dizer aos outros como encontrá-lo. Insistam. Tudo se resume aos números agora. Continuem trabalhando nos números e o filme vai ficar lá fora, e um público vai encontrá-lo. Estou enviando isto do meu telefone e meus dedos estão com câimbras. Obrigado, e eu vou entrar em contato em breve. David.

*Nota da Tradutora: David mais uma vez usou um jogo de palavras intraduzível - "sob" = soluço, e "s.o.b" = abreviação para "sons of a bitch", ou filhos da p***.

Friday, April 15, 2005

Como um Filho

Finalmente estamos aqui. O dia da estréia. A três horas, na verdade, da primeira exibição pública de House of D. Um filme é como um filho. Você o alimenta, e o apóia, mas um dia ele precisa sair de casa e fazer acontecer sozinho.

Hoje é este dia. Há tantas pessoas a agradecer, que ajudaram a criá-lo, mas agora isso é passado. Agora, o filme é de vocês. Espero que vocês tenham tanto carinho por ele quanto nós.

Wednesday, April 13, 2005

Primeiro VideoBlog

David publicou um vídeo de uma sessão de perguntas e respostas. A transcrição e a tradução vão estar disponíveis aqui em breve.

Dois dias e contando

Olá a todos. Eu tenho alguns minutos antes da gravação do TODAY show, e estou usando um computador emprestado. Eu quero agradecer a todos vocês pelo apoio na Filadélfia e em Nova York. Em todas as exibições, e tem havido muitas, vocês do blog, e vocês amigos do blog, têm sorrido e se apresentado para mim. É uma sensação boa. A reação ao filme tem sido incrível. Todas as vezes que exibimos, as pessoas parecem tão gratas pelo filme e eu estou tão agradecido por isso. Nós temos exibido tanto que eu só espero que existam pessoas lá fora que vão ter que pagar para ver o filme. Brincando, eu estou brincando. Eu sempre aprendo de novo e de novo como o meu humor seco pode ser mal-interpretado. Eu estou tentando me curar do hábito da falta de comunicação. Eu me escondo atrás dela às vezes, acho. Não estou brincando.

A estréia foi o máximo. Minha esposa, meu irmão e minha irmã, minha mãe e um monte de amigos de infância, alguns dos quais eu não via há 30 anos, estavam lá. Minha orientadora da faculdade, Princeton, estava lá e foi ótimo revê-la, embora eu tenha tido que controlar a vontade de pedir a ela que desse uma nota ao filme. A festa depois do filme foi como uma festa com amigos. Foi bom relaxar com Anton e Robin e Zelda e, é claro, Téa.

Eu espero que o nosso pessoal em Nova York e Los Angeles esteja pronto para tomar o Loews da Lincoln Square e o Grove. Eu sei que muitos de vocês têm tentado fazer reservas no Grove e eles ainda não publicaram os horários, e portanto não podem fazer as reservas ainda. Continuem tentando. Eles vão terminar decidindo os horários e vocês vão poder reservar os lugares. Eu quero dizer mais uma vez o quanto este primeiro final de semana é importante. Eu não quero parecer grosso, mas eu preciso de vocês aí fora para irem ao cinema este final de semana e mandar uma mensagem, de que existe um grande apetite por House of D, o que eu realment acredito que seja verdade. A reação das pessoas, tanto as jovens quanto as mais velhas, ao longo do caminho tem sido tão impressionante para mim. Agora é hora de vocês verem por si mesmos e então, como eu tenho pedido várias e várias vezes, espalharem a notícia. Porque o poder da palavra, da propaganda boca-a-boca, é melhor, mais forte e mais sincero do que o poder bruto da publicidade. Não que nós tenhamos tal poder bruto, mas de qualquer forma... digam aos seus amigos em Nova York e Los Angeles que eles têm um trabalho a fazer.

Eu estarei fazendo uma sessão de perguntas e respostas em Nova York para o público pagante no Loews da Lincoln Square nesta sexta, dia da estréia, às 4:50 e 7:15, e então no sábado às 4:50. Todos horários pm, eu presumo. Vejo vocês lá. Me digam que vocês são amigos do blog, tragam amigos que não são, e espalhem isto por aí como um resfriado agradável. Um brinde aos dois primeiros finais de semana! Desde já, obrigado pelo apoio e pelas palavras de vocês. Viajando, eu senti falta de ler as suas mensagens no blog, mas eu vou pôr tudo em dia em breve. Vejo vocês em dois dias, nos cinemas.

Tuesday, April 12, 2005

Mensagem em Áudio #4: Reações Incríveis nas Exibições

Oi a todos, me desculpem por ter deixado de me comunicar, mas eu estou viajando, como vocês devem saber, e estou longe do meu computador, e a idéia de tentar postar uma mensagem longa no meu trio, que é um tipo de palm pilot (computador portátil), faz com que meus polegares doam e tenham câimbras só de pensar. Vou tentar encontrar um computador amanhã, depois do Today Show -- eu não tenho conseguido parar, onde é que nós estávamos mesmo? Na Filadélfia, e então em Nova York por alguns dias. Várias exibições do filme, eu tenho me encontrado com muitos de vocês, que têm se identificado para mim -- o que é maravilhoso -- as exibições estão indo tão bem, é tão incrível, a reação das pessoas a este filme e os agradecimentos que eu recebo por fazer um filme como este fazem tudo valer a pena. Alguém me perguntou ontem o que seria preciso para que este filme seja um sucesso, e eu disse que sinto que já é um sucesso. Tendo dito isto, todos nós já temos as nossas ordens* desde algumas semanas atrás, e nós vamos tentar encher os cinemas em Nova York e Los Angeles -- Nova York no Lincoln, Los Angeles no Grove, no dia 15 de abril, cada cadeira ocupada -- mandem mensagens para que possamos aumentar o número de cinemas -- tudo isso em Nova York é o máximo, a primavera chegou, e eu fui correr no Central Park, o que não faço com frequência, mas é que o tempo tem estado tão bonito. Eu fui mostrar o filme na minha antiga escola, o que foi surreal. E, hum, vai ser um dia cheio amanhã com as entrevistas no Today e no Letterman. E outras coisas, a família está aqui e é muito bom estarmos todos juntos de novo em Nova York -- eu vou fazer uma sessão de perguntas e respostas no Lincoln Theater depois de duas exibições na sexta e no sábado. Então, se algum de vocês estiver em Nova York, faça o possível para ir às exibições -- e vocês vão ter que pagar, desculpem, mas já é hora de começar a pagar por esse filme. Eu vou tentar, como disse antes, postar um texto amanhã e também checar os seus comentários -- eu não li nenhum, eu não cheguei nem perto de um computador ultimamente, como eu disse. Eu estou ansioso por isso e, hum, sem dúvida eu vou falar com vocês e escrever para vocês. E obrigado de novo por todo o apoio e toda a energia e a animação. Tudo bem, tchau.

*No original, "marching orders" - jargão militar que significa colocar a tropa em marcha.

"Playlist dos anos 70" para House of D

Aqui está a minha lista das "Melhores dos Anos 70" para o iTunes:

1. MELISSA - Allman Bros - Canção de amor "faux-cowboy"* de cortar o coração. Sussurros de eternidade e sacrifício. Greg Allman canta como se conhecesse o sentimento.

2. THANK YOU - Sly and the Family Stone - Um "funky funk funk"* com uma letra cheia de sabedoria. Se enrosca no seu peito como uma serpente, e então ataca a sua cabeça até que você vire presa.

3. ISIS - Bob Dylan - Está tudo lá, se você conseguir decifrar.

4. SIMPLY BEAUTIFUL - Al Green - Se você tocar esta música para ela e não conseguir nada, não vai conseguir nunca.

5. WILD HORSES - Rolling Stones - A melhor canção de amor rock'n'roll de todos os tempos.

6. STRAWBERRY LETTER 22 - Shuggie Otis - Mágica, funk e um som de sininhos que toca nos meus sonhos.

7. LANDSLIDE - Fleetwood Mac - É, eu sei que é meio fraca, mas Stevie Nicks sente o que canta e eu passei pelo meu primeiro rompimento com essa música. Me processem.

8. SAMBA PA TI - Santana - A melhor canção de amor rock'n'roll de todos os tempos, sem letra. Você pode criar a sua própria história com ela e é sempre boa.

9. BUILD ME UP BUTTERCUP - The Foundations - Porque me faz feliz.

10. PASTTIME PARADISE - Stevie Wonder - Coolio* sabe.

11. SATELLITE OF LOVE - Lou Reed - É como um molho agridoce.

12. HOME AT LAST - Steely Dan - O mundo em um grão de areia.

Clique aqui para amostras do playlist no iTunes...

Notas da Tradutora:

* "faux-cowboy" - algo como uma canção country falsa. Acredito que David esteja fazendo referência ao romantismo exacerbado da música country americana.

"funky funk" - a música funk originalmente tem a conotação de algo com ritmo, dançante. Usada como adjetivo, a palavra funky dá a idéia de ênfase.

Coolio é um rapper americano que fez bastante sucesso há alguns anos com "Gangsta Paradise", usando um sample da música citada por David.

Thursday, April 07, 2005

Mensagem em Áudio #3: O Longo Caminho para Casa

Oi, é o David, e eu sei que já faz algum tempo desde que eu postei aqui no audioblog. Na verdade, eu gravei um post há cerca de uma semana, e ele era brilhante, eu tenho que dizer isso a vocês. Era engraçado, e caloroso, e inteligente, e teria dado um grande filme... e se perdeu. E eu tenho certeza de que provavelmente foi melhor assim, que tenha se perdido. Eu não me lembro o que eu disse, e não era assim tão engraçado, nem tão caloroso, nem tão inteligente. Então, não vamos nos preocupar com isso. Hum. E eu acho que desliguei direito, também. Vamos ver o que acontece aqui.

Eu estou indo para a Filadélfia hoje, no caminho para Nova York, onde eu vou estar para a estréia do filme no dia 15 de abril, e eu só queria dizer obrigado a todos vocês pela experiência deste blog, e pela experiência de me comunicar com vocês através do meu computador, tem sido uma experiência comovente e que abriu meus olhos, e eu espero continuar depois que o filme sair, quero dizer, depois que o filme sair e desaparecer, seja quando for que isso aconteça. Eu sei que o filme vai ficar em cartaz por algum tempo mas eu só estou dizendo que depois que for lançado em DVD e tudo o mais, que eu gostaria de ter um fórum de discussão para continuar a fazer este tipo de coisa, porque traz as coisas para uma escala menor, o que é muito legal, uma escala mais humana. Tendo dito isso, vocês sabem, eu queria agradecer a vocês por toda a energia que vocês têm investido em tentar fazer com que o fim de semana de estréia, no dia 15, na Lincoln Square em Nova York e no Grove em Los Angeles, seja um sucesso, e em tentar atrair as atenções para o filme, eu realmente aprecio tudo isso e eu espero, e sei, que quando vocês forem ver o filme tudo terá valido a pena. Então, obrigado, talvez eu tente gravar mais um desses, ou dois, quem sabe, e eu desejo o melhor a todos vocês. Obrigado, tchau.

Obrigado

No meio da reta final por aqui. E, sim, eu tenho lido muitas das suas respostas, e há tantas coisas tão amáveis e interessantes que é impossível responder a todas, porque quando eu chego ao fim delas eu já esqueci o que eu queria dizer. Mas entendam a minha intenção --- eu estou ouvindo vocês, e na minha cabeça eu estou respondendo a todas as perguntas à medida em que elas são feitas. Se isso soa loucura, não é, é só um pouco de cansaço.

Para aqueles de vocês que estão enfurecidos com a minha pontuação preguiçosa e falta de parágrafos --- da última vez eu abri parágrafos, e quem quer que seja que está transferindo minhas palavras para o blog, essa pessoa tirou os parágrafos. Eu juro. Deve ser uma conspiração. Uma conspiração de gramática.

Eu estou indo para a Filadélfia hoje e então para Nova York para me reencontrar com a minha família e fazer a publicidade final antes do dia 15. Aparentemente, vocês podem reservar os ingressos desde já para o fim de semana de estréia no Grove em Los Angeles, e em Nova York na Lincoln Square, no Fandango --- o que quer que seja isso --- eu consegui essa informação através de um de vocês. Obrigado.

Eu estava estupidamente ansioso por discutir o filme neste blog, já que as pessoas já começaram a assisti-lo, mas como foi amavelmente comentado em uma das respostas, isso poderia arruinar o filme para a maioria das pessoas que não assistiu ao filme ainda, então obrigado pela discreção --- eu não tinha pensado nisso, de tão animado que estava ao falar sobre o filme, e queria falar um pouco mais ainda com pessoas inteligentes e compreensivas como vocês. Vocês foram espertos ao se refrearem.

Meus cachorros sabem que eu estou partindo de novo. Eles vêem a mala e ficam deprimidos. Isso me faz sentir culpado. Meu gato... não parece se importar, na verdade.

Agora eu estou realmente tagarelando, não falta muito agora --- vocês todos têm sido maravilhosos, continuem me apoiando --- tenham os dois fins de semana de estréia em Nova York e Los Angeles como um objetivo em mente, pra encher os cinemas. Isto está em nosso poder. Eu quero dizer, no poder de vocês. E obrigado a todos aqueles que têm se aproximado de mim nas exibições e mencionado o "blog". Virou um tipo de aperto de mão secreto, ou código, não é? "Eu sou um amigo do blog", etc. Vou deixar uma mensagem em áudio hoje, e checar da estrada. Obrigado, David

Sunday, April 03, 2005

Eu Vejo Vocês Lá Fora

Oi de novo. Eu tentei postar um audioblog mas alguma coisa deu errado*, então nós estamos trabalhando nisso. "Postar", como se eu fosse um músico ou algo do tipo. Tivemos exibições maravilhosas em Seattle, San Francisco, San Diego e Los Angeles. A resposta ao filme tem sido impressionante para mim pessoalmente, ver como as pessoas apreciam esse tipo de filme e narrativa, e as perguntas provocativas que são feitas, e todas as risadas durante as sessões de perguntas e respostas. Viajar desse jeito é difícil e eu não acho que um dia vá conseguir digerir todos os amendoins torrados com mel que andei comendo, mas a troca de idéias com um público ao vivo faz com que tudo valha a pena. Tendo feito o filme, eu tenho uma visão de dentro pra fora, mas à medida que eu começo a enxergar o filme da perspectiva do público, eu realmente aprendo sobre ele de um modo que torna tudo novo para mim --- eu estava dando uma entrevista numa rádio para um jornal de faculdade em San Francisco, e o jovem repórter me fez uma pergunta tão fantástica que eu a incluí no meu repertório. Ele disse, é evidente que o menino de doze anos no filme deve se rebelar e fugir de modo a se tornar um homem longe da segurança da infância (bem, eu sabia disso), mas então ele comentou que o homem de 43 anos (meu papel no filme), de modo a se tornar um homem maduro, deve RETORNAR à família (ou sociedade). Um retorno. Uma simetria onde a definição do que é um homem adulto na verdade se torna o seu oposto, ao decorrer de uma vida. (eu não tinha pensado nisso) mas é bom. Muito bom. Definições diferentes do que significa ser um adulto que muda e flui à medida que o tempo muda e flui. Eu contei à minha esposa e ela disse --- eu sabia disso. Eu perguntei como. Ela disse, porque eu conheço você. Alguns de vocês blogueiros têm se identificado para mim nas exibições e tem sido muito bom encontrar vocês. Dar um rosto, ou rostos, à muitidão de vozes lá fora. O que eu estou esperando ansiosamente, em especial, é que agora que alguns de vocês estão vendo o filme, nós podemos começar a discuti-lo aqui, ao invés de eu ficar tagarelando sobre como vocês precisam ir ver o filme e como vocês vão adorar o filme, nós podemos realmente começar a ter um diálogo sobre algo específico ao invés de eu sentar aqui num vácuo repetindo blá, blá, blá, house of d house of d house of d. Eu já mencionei que vocês vão ter que pagar para ver o filme no fim de semana de estréia (estou brincando) (mais ou menos) Fizemos uma exibição com uma sessão de perguntas e respostas com Anton Yelchin ontem à noite. É sempre bom vê-lo. Ele é tão esperto e articulado e divertido. Eu espero que ele tenha a chance de aparecer em alguns programas de entrevistas - ele é tão seguro de si e honesto. O sentimento no filme tem sido muito apreciado. É um filme sentimental, e eu falo sobre isso com frequência. É um assunto assustador para um cara que está prestes a lançar um filme, porque aqui no mundo dos negócios em Hollywood, as pessoas nos dizem, e eu posso ver isso pela atitude e pela atmosfera do modo em que estamos vivendo agora, que sentimentos, e sensibilidade sem pieguice, schmaltz ou bathos*, devem ser evitados, não dão bilheteria, não atraem os garotos para os cinemas. A idéia predominante é de que garotos não querem sentir. Bem, parte da inspiração para este filme foi contar uma estória sobre como um homem aprende a sentir e a moral de ser um homem (ou mulher) que sente. Nós vivemos em um tempo de desconfiança e cinismo, e há uma boa razão para isto, mas filmes são uma válvula de escape e às vezes um reflexo do mundo como ele é, e às vezes um reflexo do mundo como gostaríamos que ele fosse. Eu quis fazer um filme que lidasse honestamente com as verdades difíceis do crescimento, que visse o humor ilimitado nisso, e então a infinita tristeza do tempo que passa. É um filme para homems e mulheres. É um filme para um encontro romântico. É um filme que vocês vêem com seus pais. Com seus filhos. É sentimental. Tem sentimento. Isto não é um insulto. Imaturo. Insensível. Sarcástico. Depreciativo. Estas palavras são insultos. Eu vou ser atacado pelo sentimento. Vou aceitar os ataques com alegria. Basta, basta, basta, estou começando a irritar a mim mesmo. A imprensa está começando a tomar conhecimento deste blog. Está se tornando um fenômeno. Isto é porque estamos sob o radar aqui. Estamos fazendo tudo sozinhos. E não custa dinheiro, apenas sentimento. Por isso, eu agradeço a vocês. Até mais tarde --- DD

*Nota da Tradutora:

1. snafu - situation normal totally fucked up, ou "uma situação normal totalmente f*****.

2. Bathos - palavra grega para "profundidade". Em inglês, é geralmente usada para definir tipos de arte que parecem ridículos ou piegas.
Schmaltz - palavra judaica que expressa excessiva sentimentalidade na arte ou na música.

Monday, March 28, 2005

Anton, Erykah e como eu sou sortudo

Eu queria falar sobre a minha sorte em ter alguns atores em House of D - atores que vocês talvez não tenham visto antes. Claro que vocês conhecem Robin e a minha esposa, Téa, mas quando vocês assistirem ao filme vocês vão ficar maravilhados com Anton Yelchin e Erykah Badu --- artistas com os quais vocês talvez não estejam tão familiarizados. Em primeiro lugar, Anton é um ator em estado puro, ele foi feito para atuar, nasceu para atuar --- ele é um jovem tão sensível, que quando nós estávamos trabalhando juntos eu frequentemente tinha a sensação de que ele era um tipo de instrumento exótico nunca antes descoberto, que produzia sons lindos se você deixasse. Não era só isso, mas ele tinha catorze anos de idade (quando nós filmamos), e eu posso dizer honestamente que eu aprendi mais sobre compromisso e integridade com ele do que com qualquer pessoa na minha vida antes. Ele se importava tanto com o filme, com o processo, sobre ser cooperativo e colaborar. A mãe dele me contou que ele relia o roteiro todas as noites antes de ir dormir. Eu tive sorte. Anton não atua, ele simplesmente é. Eu me lembro que enquanto escolhia o elenco, eu procurava desesperadamente por um garoto e estava tendo muito trabalho em encontrá-lo, e eu sabia que o filme iria se erguer ou cair nos ombros do garoto, e então o Anton apareceu e no meio do teste dele, eu comecei a chorar, não porque era uma cena triste, mas porque eu soube que ele era a pessoa que podia dar vida a todo aquele mundo. Eu controlei as lágrimas --- não queria que ele e a mãe dele se apavorassem achando que o diretor talvez fosse um pouco instável (e, é claro, o que vocês acham que o teste era? sim, sim --- a cena da aula de francês, e era engraçada, e lá estava eu soluçando), então eu fui atrás do Anton e da mãe dele no corredor, acho que eu estava com medo de que se eu o deixasse sair das minhas vistas eu o perderia, e eu disse, "É seu. O que é que eu tenho que dizer a vocês dois agora mesmo pra que vocês me digam que ele vai fazer o filme antes que vocês saiam por aquela porta?" Imaginem o que é forçar a barra, aquilo não chegou nem perto. E a cada dia das filmagens eu estava grato por Anton Yelchin estar no meu filme. Agora, Erykah Badu --- vocês talvez a conheçam como uma cantora incrivelmente original, mas eu recebi uma ligação e me disseram que o agente dela tinha adorado o roteiro, e ela também, e me perguntaram se eu me encontraria com ela. Nós conversamos em um estúdio de gravação onde ela estava trabalhando e ela entendeu o humor da personagem "Lady". Para mim, isso é tão importante, porque muitas vezes a chave que eu uso para destrancar um personagem quando eu atuo é o senso de humor dele --- me diz tanto sobre as pessoas, o que elas acham que é engraçado ou não, como elas são engraçadas --- isso define a mágoa e a tristeza delas também. Então a Erykah aparece no set e ela tem essa força, esse poder natural, e ela é pequenina, também, e esse espírito grande e engraçado e essa personalidade totalmente única simplesmente se derramaram. As pessoas ficam maravilhadas com ela no filme porque ela não é como nenhuma outra pessoa, ela não está imitando ninguém, ela está simplesmente fazendo as coisas do jeito dela. Novamente, eu tive sorte. E eu até consegui que ela cantasse. Ela canta uma versão "achipelo" (essa com certeza não é a forma correta de escrever isso)* de "Melissa" para o Tommy quando ela o ensina a dançar em uma noite quente de primavera --- ela --- a algumas centenas de pés acima dele, em uma cela de prisão, e ele --- no chão dançando com um poste de sinalização de estacionamento na rua. Talvez essa seja a minha cena favorita no filme. Eu também tenho o incrível Frank Langella, que eu acredito que esteja ganhando reconhecimento como o fantástico ator que ele é ao decorrer de uma longa e variada carreira. Meu amigo, o engraçadíssimo Orlando Jones, foi amável o suficiente para fazer uma aparição não-creditada para mim e causa uma impressão e tanto em um figurino bastante interessante. Willie Garson, de sex and the city, tem um papel pequeno. E há outros que vocês não conhecem e que são sensacionais --- Olga Sosnovska, Claire Lautier (na infame cena da aula de francês), o meu diretor de fotografia, o legendário Michael Chapman (de Touro Indomável, Taxi Driver, A Última Missão), como um porteiro, mas não um porteiro qualquer. E outros que eu não estou mencionando. Obrigado por espalharem as notícias. Obrigado por marcarem 15 de abril nos seus calendários. E nos calendários de outras pessoas. Obrigado. Estou indo pra Seattle agora, talvez eu tente gravar uma mensagem por telefone na estrada - deve ser divertido, já que eu acho essas mensagens confusas gravando do meu próprio escritório, imaginem que ridículo eu vou soar tentando fazer isso em um telefone celular. Deve causar algumas risadas. Fiquem bem. David.

* Nota da Tradutora: obviamente, David queria dizer "a cappella".

Thursday, March 24, 2005

Agenda da Minha Turnê Promocional

Segunda, 28 de março - exibição em Seattle com sessão de perguntas e respostas
Terça, 29 de março - dia de compromissos com a imprensa em Seattle
Terça, 29 de março - exibição em San Francisco com sessão de perguntas e respostas
Quarta, 30 de março - dia de compromissos com a imprensa em San Francisco
Quarta, 30 de março - exibição em San Diego com sessão de perguntas e respostas
Quinta, 31 de março - dia de compromissos com a imprensa em San Diego
Quarta, 6 de abril - dia de compromissos com a imprensa em Los Angeles
Sexta, 8 de abril - exibição no Festival de Cinema da Filadélfia/compromissos com a imprensa
Domingo, 10 de abril - dia de compromissos com a imprensa em Nova York
Sexta, 15 de abril - estréia do filme em Nova York e Los Angeles*
Domingo, 17 de abril - exibição em Boston com sessão de perguntas e respostas
Segunda, 18 de abril - dia de compromissos com a imprensa em Boston
Segunda, 18 de abril - exibição em Washington com sessão de perguntas e respostas
Terça, 19 de abril - dia de compromissos com a imprensa em Washington
Quarta, 20 de abril - dia de compromissos com a imprensa em Chicago
Quarta, 20 de abril - exibição em Chicago com sessão de perguntas e respostas
Quinta, 21 de abril - dia de compromissos com a imprensa em Dallas e exibição no Festival de Cinema dos Estados Unidos (USA Film Festival)


* 15 de Abril: cinemas onde o filme vai passar no final de semana de estréia:
NY: Loew's Lincoln Square, 1998 Broadway
LA: Pacific Grove Stadium 14, 189 The Grove Drive

Wednesday, March 23, 2005

Mensagem em Áudio #2: Andando pelas ruas de Seattle

Oi, oi, aqui é o David e esta é outra mensagem em áudio... como se vocês não tivessem percebido isso. Eu acabei de escrever algo no blog - eu escrevi algumas coisas, entao vocês já podem ir checar. Eu estou de volta pra casa, eu estive no Canadá por algum tempo e estou indo para Seattle para mais trabalhos com House of D na segunda-feira, então se vocês moram na área de Seattle e quiserem me achar, eu vou estar andando pelas ruas de Seattle e vocês vão me reconhecer porque eu vou ser o cara segurando o copo de Starbuck's* na mão*. Eu devo me destacar bastante. É muito legal ver as suas respostas a isto, à mensagem de áudio, ou o que quer que seja isto que eu estou fazendo. É meio que uma forma mais imediata de comunicação, e... o que mais contar a vocês? As coisas parecem estar indo bastante bem, a resposta ao filme é cada vez melhor e como eu disse no blog, como vocês sabem, eu estou confiando em vocês para espalhar as notícias no fim de semana de estréia - agora, isso apenas se vocês gostarem do filme. Eu não vou pedir a vocês que vão lá fora e tentem "converter"* as pessoas para o filme se vocês não gostarem do filme. Eu não vou pedir a vocês que saiam de casa, assistam ao filme, detestem o filme e então digam às pessoas que assistam ao filme. Mas se vocês quisessem fazer isso, é claro que poderiam. Mesmo que detestassem o filme. O que eu espero que nao aconteça. Se vocês estão tão confusos quanto eu estou, então estamos empatados. Bom, é isso, eu vou checar as minhas instruções agora para que eu não deixe vocês com aquela despedida falsa como da última vez. Eu estarei falando com vocês em breve. Se cuidem, tchau.

... Não está funcionando... *click*

Notas da Tradutora:

1. Starbuck's é uma famosa rede de coffee shops nos EUA e Canadá.

2. David está sendo sarcástico quando diz "eu devo me destacar bastante". A Starbuck's é um grande sucesso em Seattle, e a maioria das pessoas lá anda na rua segurando um copo de café com o emblema da rede (thanks for the comment, banlu).

3. David usa a palavra "proselytize", que significa literalmente converter (para uma causa ou religião).

A Cena da Aula de Francês

Olá. Eu peço desculpas pela demora em responder, mas eu acabei de chegar de Montreal, onde eu acho que vou estar fazendo um filme neste verão. Mais uma vez, é bom estar em casa. Tantas respostas, mas eu quero me lembrar de contar a vocês algumas coisas sobre as filmagens. Meu editor foi uma mulher chamada Suzy Elmiger e ela foi fantástica. Você roda um filme, isso leva 7 semanas, e daí todo mundo vai embora e deixa você lá com um monte de filme. E então é só você e o seu editor, você e o seu editor, dia após dia, sozinhos em uma sala olhando fixamente para um monitor de vídeo. Há uma cena no filme sobre a qual nós sempre nos referimos como a cena da aula de francês, sempre que alguém lia o roteiro costumava dizer oh minha cena favorita é a da aula de francês, é tão engraçada. Então, obviamente, Suzy e eu olhávamos para o filme e sentíamos que a pior cena do filme era --- a cena da aula de francês. Todo dia, no final do dia de trabalho, nós dizíamos, vamos dar uma olhada na cena da aula de francês, e nós tentávamos alguma coisa nova, mas sempre era uma droga e eu não sabia se isso acontecia porque havia tanta pressão sobre a cena, sendo a favorita de todo mundo, ou se era porque a cena simplesmente não prestava. Nove horas da noite --- será que a gente deve voltar pra cena da aula de francês? Uma hora da manhã --- vamos pra aula de francês; aquela cena ganhou mais atenção do que um bebê recém-nascido. A coisa chegou ao ponto em que Suzy e eu gritávamos de horror quando havia uma pausa em nossa conversa e invariavelmente um de nós dizia --- vamos dar uma olhada na aula de francês. Nãããããããão! Mas nós finalmente conseguimos fazer do jeito certo. Eu acho. Vocês serão os juízes sobre isso. Mas se vocês algum dia encontrarem a Suzy, não mencionem a aula de francês pra ela, eu acho que ela ainda está um pouco cansada. E aqui está algo de que eu me lembro da filmagem --- há uma grande cena de dança no filme, não do jeito que se vê em um musical, mas uma cena em um baile, um baile de escola. E é 1973. Então eu tenho todos esses figurantes entre 12 e 16 anos vestindo aquelas roupas antigas, e tudo está ótimo, e então nós começamos a tocar a música e é um desastre --- todos eles dançaram muito bem, mesmo os garotos, muito bem. Aí a gente teve que dar um tempo porque eu me lembrei que pelo menos para mim, nem todo mundo dançava bem naquele tempo. Não me entendam errado, eu acho ótimo, eu acho que dançar é ótimo e acho que os garotos dançando são algo ainda melhor, mas quando eu era garoto, nós éramos péssimos dançarinos --- então eu tive que fazer com que esses garotos do século 21 ficassem péssimos, e disse não, não, vocês estão dançando bem demais, vocês têm que parecer bem duros e meio envergonhados e se mover como se houvesse um atraso no circuito que conecta a batida da música ao seu cérebro e então o seu cérebro aos seus membros. Foi engraçado, foi difícil pros garotos dançar mal; é estranho, eu nunca tive aquele problema. AGORA --- aqui vai a parte da pressão. Eu quero que todos vocês desenvolvam um senso de urgência sobre House of D. Este é o tipo de filme que Hollywood não faz mais hoje em dia --- é um filme com uma história e um coração pulsando, não um espetáculo de explosões com um coração feito de uma história de estrutura programada e dinheiro verdinho verdinho (não é que isto seja ruim), e ele precisa de que vocês precisem dele. Ele precisa de que vocês levantem as vozes, como têm feito, e o abracem. Precisa de que vocês espalhem as notícias. Como? TUDO ESTÁ NO FIM DE SEMANA DE ESTRÉIA --- (vocês podem ver que eu uso maiúsculas quando quero.*) Se nós conseguirmos levar 5000 pessoas aos dois cinemas (em Nova York e Los Angeles) no fim de semana de estréia, então House of D vai se tornar um "evento" e a imprensa vai tomar conhecimento do filme e ele vai criar uma força própria e se espalhar e alcançar vocês onde quer que vocês estejam. Se vocês moram em NY ou LA, por favor vão ver o filme no primeiro fim de semana (e no segundo, se vocês quiserem) e se vocês estiverem planejando ir --- reservem os ingressos com antecedência (donos de cinemas ficam bastante animados com isso e isso por sua vez anima todo mundo) e se vocês estiverem em uma cidade onde o filme não está passando, liguem pro cinema local e perguntem quando eles estão planejando colocar o filme em cartaz. Depende de vocês criar o barulho porque a máquina não está disponível para promover filmes como este. Eu agradeço a todos vocês pela paciência durante este desabafo - sejam vocês fãs de Arquivo X ou não, eu aprecio o interesse de vocês. Por falar em Arquivo X, eu acho que nós estamos chegando muito perto de ter uma data de início para AX2. Minha aposta é que nós estaremos filmando no começo do ano que vem. Vou escrever em breve.

* David não usa maiúsculas ao escrever.

Thursday, March 17, 2005

Primeira Mensagem em Áudio

David gravou uma mensagem por telefone:

Oi, aqui é o David. Só queria agradecer a todos pelas respostas ao blog. É realmente um grande prazer me comunicar com vocês todos desta forma, e também pelo telefone aqui... embora isso seja meio esquisito. Vamos ver... pra responder a algumas das suas perguntas mais recentes, no meu próximo texto eu vou estar contando algumas das histórias que aconteceram durante as filmagens e tentar explicar como foi o processo. Mas por enquanto, eu só queria dizer obrigado e que eu vou estar checando as mensagens da estrada, enquanto eu viajo e tento atrair atenção para o filme que está pra ser lançado. Eu vou continuar checando e deixando essas mensagens longas e sem sentido pra vocês. Mas obrigado novamente, a todos vocês, é bom saber que vocês estão aí fora e nos falaremos em breve. Tchau.

E agora eu não sei como desligar. Estão ouvindo? Ainda estou aqui... Tudo bem, agora é tchau mesmo.

Wednesday, March 16, 2005

Leava Las Vegas!*

De volta do ShoWest - que é o encontro anual de todo o pessoal que distribui filmes - donos de cinemas, etc. Bela reação a House of D. Eu sempre fico nervoso ao sentar em meio às pessoas na platéia e assistir ao filme, e então eu tenho uma noção se tudo está indo bem ou não se elas riem em um determinado momento, uma fala logo no começo. Se elas riem, eu sei que elas entraram no clima do filme. Até agora, elas têm sempre rido. O filme funciona tão bem com grandes platéias. Faz você perceber de verdade que ir ao cinema é uma estranha experiência coletiva. Você sai de casa, gasta algum dinheiro e então se senta no escuro com um bando de estranhos e tem reações e emoções incontidas bem ao lado deles. Rindo alto e soluçando em público, do lado de um estranho comendo pipoca. É fantástico e tão esquisito quando você pára pra pensar. E quando eu me sento e observo e escuto as pessoas fazendo esse passeio no escuro com House of D - eu sinto que tudo valeu a pena e que é tudo muito bom, bom no sentido de permitir que as pessoas sintam coisas e bom no sentido de tentar chegar a elas com uma história (uma história!), e alcançá-las. Alcançar - esta poderia ter sido uma palavra favorita. Mas basta disto. A propósito, não se preocupem com os comentários negativos neste blog - a) eu me endureci a respeito deste tipo de coisa há muito tempo, e o mais importante: (Joe Campbell* disse "quando eu olho no rosto do meu inimigo, sinto orgulho") b) alguém que administra este blog parece estar editando o material de forma que nenhum destes comentários chegue a mim. Então aqui estou eu, vivendo em uma feliz ignorância. Assobiando ao passar pelo cemitério. Mas obrigado pela proteção. Isso me comove. Não se preocupem com a lentidão da agenda de lançamento do filme. Se o filme encontrar um público logo cedo em Nova York e Los Angeles, o que com o apoio de vocês eu sei que vai acontecer, então vai se espalhar de forma que todos tenham uma chance (e vai estrear na Europa, embora eu não tenha certeza das datas ainda), e o plano é que o filme comece a estrear mais abertamente, em um maior número de cinemas, na terceira semana. Respostas aleatórias - sobre a tal freira - eu não sabia da citação de Foster Wallace* - qual era mesmo?* Meu trecho favorito foi o de alguém da Espanha que escreveu "meu inglês é bom, mas não muito", o que está rapidamente se tornando o meu lema em todas as coisas da vida. Do tipo "meu - preencha o espaço - é bom, mas não muito". Vai haver uma trilha sonora para House of D - foi uma grande alegria colocar grandes músicas no filme - não só a trilha original, de um cara talentoso chamado Geoff Zanelli, mas também os clássicos dos anos 70 - "Melissa", dos Allman Brothers, Van Morrison, "Harmony" do Elton John, Stevie Wonder, "Hold your head up" do Argent, "Samba Pa Ti" (uma música na qual Gillian Anderson me viciou há muitas luas atrás). Então, sim, eu adoro música. E o jeito com que ela pode dar profundidade a um filme, especialmente um filme de época ('73) é tão poderoso e inconsciente. E com filmes, inconsciente é sempre melhor do que inconsciente*, é o que eu digo. Eu estou em casa por alguns dias, antes de voltar pra estrada como o caixeiro viajante que eu sou. É bom saber que vocês estão me dando cobertura. Continuem espalhando as notícias. Eu vou estar em um programa de perguntas e respostas em um cinema de Nova York no fim de semana de estréia (Lincoln Square), depois do filme, e provavelmente no Grove em Los Angeles no fim de semana seguinte. Vamos continuar espalhando o fungo House of D. Eu também fiquei muito interessado em saber que tantas pessoas tiveram mentores a quem eles nunca realmente conseguiram agradecer - anjos improváveis - parece ser um tema. Vou tentar fazer aquele negócio da gravação mais tarde. Tudo de melhor, dd.

* David fez um trocadilho intraduzível com o verbo "to leave" (deixar, ir embora de um lugar) e a palavra "viva".

Notas da Tradutora:

1. Joe Campbell é um jogador de beisebol (do New York Mets). Joseph Campbell foi um acadêmico de Literatura novaiorquino, membro da Academia Americana de Artes e Letras. Não faço idéia a qual dos dois o David se refere, já que foi impossível encontrar a citação no Google.

2. David Foster Wallace é um escritor novaiorquino. Em um dos comentários deixados no blog, uma fã pergunta a DD se ele estava fazendo uma referência a Wallace em "Hollywood AD", episódio que ele escreveu e dirigiu para a sétima temporada de Arquivo X.

3. Eu deixei essa frase do jeito que o David escreveu no blog. Desconfio que ele queria dizer "inconsciente é melhor que consciente" e que foi um erro de digitação, mas estou tentando ser o mais fiel possível aos textos dele.

Friday, March 11, 2005

Voltando de Nova York



Uau. Acabei de chegar de Nova York e tive uma chance de ler suas mensagens, é inspirador. Eu percebo que não fui claro, mas que minha falta de clareza gerou algumas coisas engraçadas - porque eu gostei quando as pessoas tentaram descobrir qual é a palavra que EU menos gosto. O que não era a intenção. A palavra que vocês menos gostam. Mas vamos em frente, há tanto o que contar. Eu gostaria de ter lido suas mensagens antes de gravar o programa. Oh, nossa. Levamos quatro horas para filmar material para uma hora de programa - Inside the Actor's Studio. Havia um cara na primeira fila que dormiu da hora 2 à hora 3 e eu não posso dizer que o culpo por isso. Eu mesmo devo ter cochilado no meio de algumas das minhas respostas. Meu umbigo estava queimado de tanto que eu olhava pra ele. Pra dentro dele. É fantástico espiar vocês todos na expectativa para o filme, me dá esperança de que o filme vá encontrar um público, e acho que de um modo estranho ele já encontrou esse público. Não existem filmes pequenos, só idéias pequenas - este é um grande filme preso no corpo de um filme pequeno. Deixe-me ver - respostas aleatórias - eu passo gel no cabelo às vezes, obrigado. Hum. Nova York estava fria, fria, fria, e como sempre eu fui até ao jardim da Casa de Detenção para mostrar meu respeito aos deuses do lugar, que está marrom e coberto de neve mas ainda é um jardim. Visitei minha mãe e minha irmã e meus sobrinhos. Isso é muito pessoal? De volta ao filme - sim, vai estrear dia 15 de abril, mas primeiramente só em Nova York (talvez Los Angeles também), e então eu espero que se espalhe, como um fungo (boa idéia para palavra que menos gostamos). Então, o plano é - estamos dependendo dos nossos amigos novaiorquinos para encherem os cinemas no primeiro fim de semana, o entusiasmo deles vai dar o sinal aos nossos amigos da Lions Gate para lançar o filme em um circuito maior e maior até que tenhamos o suficiente. Mas falando sério, eu quero que todos vocês vejam o filme e quero que ele chegue a vocês onde quer que estejam. Mas primeiro, como diz Len Cohen, precisamos tomar Manhattan*. Eu preciso ir e dar banho nas crianças agora - já faz quatro dias e minhas mãos sentem falta da água. Mas por favor, recebam meu sincero obrigado por continuarem essa conversa comigo. Eu estou comovido. Vou deixar mensagens em áudio da estrada logo, também, vamos ver como isso funciona. Fiquem bem, David

Nota da Tradutora: "Len Cohen" é o cantor/compositor canadense Leonard Cohen e a música a que David se refere é "First we take Manhattan".

Friday, March 04, 2005

Mesmo com defeitos

Olá a todos, aqui é o David - pra começar, só queria dizer que eu realmente aprecio todo o interesse e respostas de vocês ao blog e que vou fazer o possível pra manter contato com vocês uma ou duas vezes por semana. É um grande prazer e uma oportunidade de ter esse tipo de comunicação diretamente. Só o fato de ver as pessoas inspiradas a manter uma discussão sobre anjos ou mentores ou fontes improváveis de sabedoria foi muito legal. Vocês também vão perceber que eu sou preguiçoso demais pra usar maiúsculas e que minha digitação é horrível, mas eu vou simplesmente colocar tudo pra fora aqui, mesmo com defeitos. Respondendo às suas muitas perguntas sobre a minha descrição do processo de escrever e tudo o mais - eu apenas espero ter acertado no filme. Eu acho que consegui, mas nunca se sabe. Alguém sabe? A façanha de se realizar um filme é surreal - eu terminei este filme há quase um ano e tenho esperado ansiosamente para que o público tenha uma chance de vê-lo. Eu tenho tanto orgulho do meu elenco - Anton, Robin, Erykah, Téa e todos os que trabalharam no filme. A grande vantagem de ser um diretor é que você acaba recebendo todas essas idéias fantásticas de pessoas que são são talentosas em tantas áreas diferentes, e das quais eu não faço a menor idéia, e elas as trazem para mim e tudo entra no filme e eu é que recebo as honras. É uma mentira, na verdade. É um processo maravilhoso de colaboração. Eu estava verdadeiramente feliz enquanto o fazia e eu espero que dê pra perceber. Eu acho que é um filme pessoal porque lida com emoções honestas e quando eu leio suas respostas, sinto que valeu a pena. O que eu posso dizer? Espalhem a notícia. Contem a um amigo, e outro amigo, e outro amigo - estes filmes menooores (menooores - eu gosto disso, mas quis dizer menores) precisam de defensores, precisam de uma propaganda "de casa" muito mais do que rumores fabricados em estúdios, precisam do carinho do indivíduo. Eu sei que existe um lugar lá fora para filmes que fazem com que você ria e chore - vocês são a casa do filme. Eu estou viajando pra gravar o programa Inside the Actor's Studio na semana que vem e gostaria de receber idéias sobre a palavra que menos gostamos. Vou checar da estrada. Obrigado, dd.

Friday, February 25, 2005

Então, do que se trata?



Então o filme é sobre crescer, finalmente. É sobre infância, vida adulta, completar 13 anos e completar 43 anos; e é sobre anjos como um garoto pode defini-los, porque o que são anjos senão seres que falam conosco em palavras que não conseguimos entender bem, e por isso damos qualidades mágicas a eles? Eles falam conosco em diferentes linguagens. Eles estão ao nosso redor quando somos crianças (e mesmo agora, eu quero dizer, se você olhar de perto) - o homem "lento", as mulheres presas, seus professores com os conselhos duros, seus amigos com o amor incondicional, seus melhores anjos. Oh, e eu cheguei a mencionar que é diabolicamente divertido?

Thursday, February 24, 2005

Um Conto de Fadas Moderno e Tragicômico



E aí eu pensei, puxa, deveria ser divertido. Porque aquela época da vida é tão engraçada e esquisita e sem sentido. Então eu me sentei pra escrever um conto de fadas moderno e tragicômico - que não soasse falso. Eu queria que fosse como "Cinema Paradiso" e "Conta Comigo", e como os contos de fadas de Grimm e um pouco de "Diários de um Adolescente". Eu queria que vocês rissem e chorassem - um filme real de cinema. Com uma ótima música. Eu queria que vocês vissem a dor e o humor da infância que nos fazem ser quem somos. Eu escrevi citações - "Você é o que era". Eu imaginei mudanças de vida causadas pelo menor dos atos. A mistura estava saindo de mim. Pelo menos eu espero que tenha sido assim.

Wednesday, February 23, 2005

Agora, eu precisava de um enredo



Então eu tinha o coração. Eu tinha um começo e um fim. Agora eu precisava da coluna, da história, do que acontece. Então eu a preenchi com personagens da minha infância. O amigo "retardado" do garoto, Pappass, interpretado por Robin Williams, foi levemente baseado em um homem "lento" da vizinhança que costumava brincar conosco, as crianças - beisebol, futebol, qualquer coisa, e algumas vezes ele nos batia porque ele era um homem, e às vezes um homem bastante frustrado. Ele era um de nós, mas não um de nós. E eu sabia que ele poderia funcionar em um papel do tipo Puff o Dragão Mágico - um desses protetores da infância que pairam, tão importantes, mas não conseguem fazer a travessia para a vida adulta junto com o garoto. Então ele, também, se tornou uma fonte de sabedoria improvável para o garoto. Sabedoria que o garoto não entendeu bem até muito mais tarde, quando era quase tarde demais. O garoto queria procurá-lo, também. Para agradecer a ele. E eu tinha um emprego como entregador aos treze anos, entregando carne (será que existe um emprego mais embaraçoso para um garoto de treze anos do que pedalar uma bicicleta prateada, enorme e feia, pela cidade gritando "Aqui está a carne"?) e eu pensei - eles podiam ter aquele emprego juntos. Dinheiro, garotos sempre querem algum dinheiro e independência. Para quê? Uma bicicleta - isso é o que você quer antes de querer um carro ou uma namorada. Mas é a mesma liberdade e velocidade. Uma bicicleta legal. Uma bicicleta verde e sexy. Tudo bem. E aí uma garota entra na história. Uma garota em um vestido da mesma cor da bicicleta. A história começava a tomar forma.

Tuesday, February 22, 2005

Mentores e Anjos



Então eu comecei a pensar sobre mentores e anjos e pessoas que tentam ajudar você ainda antes que você saiba que precisa de ajuda. E eu pensava que se um garoto de cerca de 13 anos (quase um homem) está tendo problemas com os quais ninguém pode realmente ajudá-lo, e ele mora em Nova York, perto daquela prisão de mulheres, e se uma daquelas mulheres o convence a falar com ela porque ela se sente tão entediada lá, mas ele nunca a vê, como Rapunzel ou outra mítica/urbana Dama da Torre. Um anjo com um penteado afro tipo Angela Davis. Um anjo provavelmente encarcerado por prostituição ou algum envolvimento com narcóticos. E se os conselhos que ela dá a ele são demais para ele entender aos treze, mas quando ele tem quarenta, ele compreende, porque finalmente está olhando para sua esposa e seu filho e as coisas que está fazendo de errado e as coisas que está percebendo. Ele finalmente compreende o antigo conselho e quer dizer obrigado porque sente que o último passo para o entendimento é a gratidão. Então ele volta para Nova York e descobre que a prisão onde ela estava é agora um jardim. Perfeito. Quase perfeito demais, e se eu tivesse inventado isto, eu me sentiria esquisito, mas é verdade - uma prisão se tornou um jardim - um perfeito reflexo no espelho para os sentimentos do homem sobre si mesmo; ele tinha se encarcerado em algum tipo de inferno psíquico e agora ele está florescendo em direção à vida adulta, de verdade. A casa de detenção dentro de cada um de nós se tornando um jardim.

Monday, February 21, 2005

Vivendo a vida do meu jeito

Quando eu tinha 27 anos, estava prestes a desistir. Eu tinha abandonado o meu doutorado e uma aparentemente promissora carreira acadêmica para tentar uma carreira como ator (ator?!), mas sentia que não estava indo a lugar nenhum. Não conseguia um emprego. Não conseguiria um emprego. Eu meio que caí de joelhos e pedi socorro. Vindas do nada, as palavras do meu professor de Latim ecoaram na minha cabeça e eu as entendi. Ele estava falando sobre viver a vida do meu próprio jeito, não através dos olhos dos outros, a diferença entre um "ser" humano e um humano "feito". Satisfaça a si mesmo e os outros estarão satisteitos. É um clichê, eu sei disso, mas clichês são chamados assim por uma razão - eles circundam a verdade. As palavras dele me confortaram. Ele havia entendido e tentado ajudar, e dez anos mais tarde, eu compreendi. Eu estava grato, mas não podia agradecer a ele. Ele tinha morrido de AIDS alguns anos antes.

Sunday, February 20, 2005

Quando eu tinha 17 anos



Quando eu tinha 17 anos, eu era um aluno brilhante, capitão do meu time, ganhador de bolsa de estudo, do tipo "vá-o-mais-rápido-que-puder". Bem no meio de uma esplêndida temporada de basquete, eu desmaiei no elevador da escola e quebrei os meus dentes da frente. Eu passei alguns dias no hospital, fazendo exames pra descobrir se estava tudo bem com a minha cabeça e o meu coração. Estava tudo bem. O único visitante de quem eu me lembro foi o meu professor de Latim, James Rogers, que era sempre muito rígido comigo e não dava a mínima para esportes; o que importava pra ele é que eu era um aluno bem mediano em Latim. Então, eu fiquei bastante surpreso ao vê-lo. Eu achava que ele não se importava muito comigo. Ele sentou na minha cama de hospital e disse, "Não se apresse em voltar." Achei que ele era maluco, e teria dito isso a ele se eu tivesse dentes com os quais formar as palavras. Ele disse, "Eles vão querer que você volte logo que consiga andar, mas você não tem que fazer o que eles dizem, nunca." Eu realmente não fazia idéia do que ele estava querendo dizer. Mas eu me lembrei do olhar dele e das palavras dele, tão cheias de significado. Eu constantemente me lembrava delas, e pensava. Aquelas palavras entraram na "mistura".

Saturday, February 19, 2005

Inspirações

Bem-vindos ao blog "House of D" - o primeiro em uma série de fóruns de discussão da Lions Gate Directors - com o diretor David Duchovny:

As inspirações para "House of D" estiveram como que "cozinhando" em mim durante anos sem que eu estivesse consciente delas. Eu cresci em Greenwich Village, Nova York, e minha mãe me contava histórias sobre a Casa de Detenção para Mulheres, uma prisão na Rua Onze com a Sexta Avenida, uma prisão para mulheres em meu próprio bairro. O que mais poderia um garoto querer? Ou eu me lembro, ou me lembro das histórias da minha mãe sobre as mulheres que se debruçavam nas barras e tentavam conversar com as pessoas que passavam na rua. Elas estavam estressadas, ou raivosas, ou assustadas, ou simplesmente entediadas. Tom Wolfe escreveu um texto sobre isto - encontros acidentais com criminosas. Eu achava tudo simplesmente fantástico. Mulheres criminosas. Nada parecido com algo que eu jamais tivesse visto em um filme americano. Era mais como Fellini. Lá estava você, caminhando com seu cachorro pela rua, e alguma prisioneira, encarcerada Deus sabia porque, de repente começava a conversar com você. No meio da área mais boêmia da maior cidade do mundo. Angela Davis* tinha sido presa lá. Diz a lenda que a mãe de Tupac Shakur estava grávida dele enquando ficou na Casa de Detenção para Mulheres. Credenciais. A prisão foi derrubada em '73. E agora é um jardim municipal. Sério. Eu não poderia ter inventado isto. Então eu tinha aquilo tudo arquivado. A mistura estava "cozinhando".

Nota da Tradutora: Angela Davis foi uma simpatizante do grupo Panteras Negras que acabou na lista dos Mais Procurados do FBI quando armas registradas em seu nome foram usadas para tentar libertar um ativista negro de um tribunal na Califórnia, em 1970.